terça-feira, 26 de janeiro de 2021

#eu conto ... com Madalena Palma

 

 


"Olhar para a frente e ver. É aí que que encontro motivação, ideias e crio coisas. Seja um poema, um projeto ou uma frase para quem dela precisa."- Assim é Madalena Palma

Madalena Palma é Directora Geral da Associação Estar, mas é também, e sobretudo, aquilo que a move. Nas palavras da própria, “não sei falar de mim. É mais fácil falar sobre o que me move. E o que me move são as pegadas. Não as pegadas na areia, mas sim aquelas que deixam raízes que possam nutrir quem pelo meu caminho se cruza”.

Sobre os vários projectos que tem vindo a abraçar ao longo da vida, Madalena é objectiva, “a criação dos meus projetos, sejam eles na vida pessoal ou profissional surgem sempre que vejo uma oportunidade de melhorar. Melhorar algo ou a minha pessoa. Todos podemos ser mais e melhores e é nisso que me foco quando abraço um projeto ou uma ideia. E não largo. É, talvez por isso, inegável a minha resiliência. Não desarmo quando me foco e, enquanto não alcanço, não descanso”.

 No que à vida em seu redor diz respeito, “sinto que falta paixão nas pessoas. Estão assoberbadas com a rotina e não dão o melhor de si em nada. Isso assusta-me. Fujo disso a sete pés, porque chegar ao fim do dia e saber que fiz a diferença para melhor na vida de alguém é a melhor sensação do mundo”.

 Madalena fala-nos, enamorada, das suas inspirações, “Sísifo” poema de Miguel Torga e “a linha do horizonte, seja no mar ou num campo de sobreiros, nas casas da minha rua ou no sorriso dos meus. Olhar para a frente e ver. É aí que que encontro motivação, ideias e crio coisas. Seja um poema, um projeto ou uma frase para quem dela precisa. Houve vários momentos na minha vida em que me olhei ao espelho e nem sempre senti que estava a fazer o que deveria. Estes momentos de dúvida são sempre um momento de viragem. Neles, faço sempre alguma coisa para mudar. Já mudei tudo. Já renasci de cinzas, qual fénix.

Já abandonei uma das maiores paixões da minha vida, a rádio, para fazer algo totalmente diferente. Mas o serviço social esteve sempre em mim e curiosamente foi numa entrevista na rádio, que um dos maiores estudiosos do serviço social, Ander-Eggn, no final da entrevista, me olhou nos olhos, me segurou nas mãos e me disse para seguir a minha alma, porque tinha tudo para fazer a diferença”.

 Certo é que Madalena Palma abraça causas sociais como quem abraça pessoas, com o coração. O trabalho realizado na Associação ESTAR demonstra-o e sobre isso também falámos um pouco.

“A Associação ESTAR nasceu no sofá da minha sala, numa conversa com a Inês Féria. Estávamos no último ano do curso, nada realizadas com o que estávamos a fazer profissionalmente e a pensar no que poderíamos fazer. Queríamos criar algo nosso. O trabalho social é imensamente burocrático e não deveria ser. Devia ser mais executante. Foi aí que começámos a desenhar a ESTAR. Ocupar um lugar que antes não estava a ser ocupado, dar resposta imediata. A ESTAR, neste momento, atinge um patamar de eficácia indiscutível. Orgulhamo-nos de trabalhar verdadeiramente em rede. Orgulhamo-nos de conseguir chegar, na hora tanto, às pessoas como às instituições. Orgulhamo-nos de ser uma entidade pioneira neste campo. Não há nada no país que se assemelhe sequer ao que estamos a fazer”.

Questionada sobre a possibilidade de conseguir dar resposta a todos quantos necessitam durante a actual pandemia, Madalena desabafa “tem sido dramático. Abrimos a ESTAR a voluntários e presentemente temos connosco 32 pessoas envolvidas nos vários projetos. As nossas maiores dificuldades são financeiras.”

 Entre os projectos da Associação, encontra-se o projecto Marmita, “é um dos nossos maiores orgulhos. Temos atualmente cerca de 100 agregados a quem entregamos diariamente alimentos”. Mas não só, “a Marmita é o sentido figurado do projeto, uma vez que nem sempre são só alimentos. Podem ser mantas, cobertores, roupa, calçado, medicamentos, um frigorifico…”

A nível alimentar, “pedimos apoio a restaurantes da cidade, aos hipermercados e sensibilizámos IPSS”, diz-nos Madalena. Graças aos voluntários da Associação, as Marmitas são entregues diariamente, ao final de cada dia, às famílias referenciadas.

“No final do dia estamos exaustos, mas com a perfeita noção de que foi mais um dia em que demos tudo aquilo que pudemos.

A caminhada tem sido dura, cansativa, mas é também por isso que sabe tão bem”.



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