"Olhar para a frente e ver.
É aí que que encontro motivação, ideias e crio coisas. Seja um poema, um
projeto ou uma frase para quem dela precisa."- Assim é Madalena Palma
Madalena Palma é Directora Geral da Associação Estar, mas é também, e sobretudo, aquilo que a move. Nas palavras da própria, “não sei falar de mim. É mais fácil falar sobre o que me move. E o que me move são as pegadas. Não as pegadas na areia, mas sim aquelas que deixam raízes que possam nutrir quem pelo meu caminho se cruza”.
Sobre os vários projectos que tem
vindo a abraçar ao longo da vida, Madalena é objectiva, “a criação dos meus
projetos, sejam eles na vida pessoal ou profissional surgem sempre que vejo uma
oportunidade de melhorar. Melhorar algo ou a minha pessoa. Todos podemos ser
mais e melhores e é nisso que me foco quando abraço um projeto ou uma ideia. E
não largo. É, talvez por isso, inegável a minha resiliência. Não desarmo quando
me foco e, enquanto não alcanço, não descanso”.
Já abandonei uma das maiores
paixões da minha vida, a rádio, para fazer algo totalmente diferente. Mas o
serviço social esteve sempre em mim e curiosamente foi numa entrevista na
rádio, que um dos maiores estudiosos do serviço social, Ander-Eggn, no final da
entrevista, me olhou nos olhos, me segurou nas mãos e me disse para seguir a
minha alma, porque tinha tudo para fazer a diferença”.
“A Associação ESTAR nasceu no
sofá da minha sala, numa conversa com a Inês Féria. Estávamos no último ano do
curso, nada realizadas com o que estávamos a fazer profissionalmente e a pensar
no que poderíamos fazer. Queríamos criar algo nosso. O trabalho social é
imensamente burocrático e não deveria ser. Devia ser mais executante. Foi aí
que começámos a desenhar a ESTAR. Ocupar um lugar que antes não estava a ser
ocupado, dar resposta imediata. A ESTAR, neste momento, atinge um patamar de
eficácia indiscutível. Orgulhamo-nos de trabalhar verdadeiramente em rede.
Orgulhamo-nos de conseguir chegar, na hora tanto, às pessoas como às
instituições. Orgulhamo-nos de ser uma entidade pioneira neste campo. Não há
nada no país que se assemelhe sequer ao que estamos a fazer”.
Questionada sobre a possibilidade de conseguir dar resposta a todos quantos necessitam durante a actual pandemia, Madalena desabafa “tem sido dramático. Abrimos a ESTAR a voluntários e presentemente temos connosco 32 pessoas envolvidas nos vários projetos. As nossas maiores dificuldades são financeiras.”
A nível alimentar, “pedimos apoio
a restaurantes da cidade, aos hipermercados e sensibilizámos IPSS”, diz-nos
Madalena. Graças aos voluntários da Associação, as Marmitas são entregues
diariamente, ao final de cada dia, às famílias referenciadas.
“No final do dia estamos exaustos, mas com a perfeita noção de que foi mais um dia em que demos tudo aquilo que pudemos.
A caminhada tem sido dura,
cansativa, mas é também por isso que sabe tão bem”.