quinta-feira, 1 de abril de 2021

Habitação e Poupança

 

Para comprar casa é hoje necessário ter-se poupanças, não só para fazer face aos gastos associados à aquisição de habitação, como sejam os impostos, a avaliação, os seguros e a escritura, mas também para dar como valor de entrada no processo de aquisição. Isto porque, apesar da crise económica decorrente da pandemia por covid-19, os bancos mantêm-se abertos à concessão de crédito à habitação, mas não a 100%. Assim, o valor do empréstimo para compra de habitação própria permanente é agora de 80 a 90% do valor da compra ou da avaliação do imóvel (o menor dos dois).

Desta forma, há que fazer contas ao valor que será necessário ter de reserva antes de iniciar o processo. Segundo dados do Idealista, em território nacional, 7.000€ será, em média, o valor mínimo que deverá ter disponível para aquisição de um imóvel com recurso a crédito. Valor que irá variar de acordo com a tipologia, região e condição do imóvel pretendido.

Numa análise feita ao preço do m2 nas 20 capitais de distrito de Portugal continental e Ilhas, Lisboa, Faro, Porto e Funchal assumem os lugares cimeiros, por oposição a Guarda, Castelo Branco e Beja, que se apresentam no fim da tabela.

Assim, a poupança mínima que deverá garantir para aquisição de habitação em Lisboa é de 87.000€, 60.000€ em Faro, 59.000€ no Porto e de 50.000€ no Funchal, e será de 7.000€ no caso do interesse recair sobre um T1 nos três distritos mais baratos.

Estas assimetrias numéricas estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento das regiões e, sobretudo, com o turismo, onde as regiões do litoral se assumem preferenciais, face ao interior do país.

No que a valores médios diz respeito, o Idealista/data informa-nos que o valor médio do m2 em Portugal, no último trimestre de 2020, era de 2147€. Em Lisboa fixava-se nos 3346€/m2, em Faro nos 2368€/m2, Porto apresentava como valor médio 2140€/m2, Funchal 1687€/m2 e Beja 777€/m2.

Quanto a variações, verificou-se, no mesmo trimestre, uma subida de 45€/m2 (+1,37%) em Lisboa, de 43€/m2 (+1.91%) em Faro, 87€/m2 (+4,35%) no Porto, 9€/m2 (+0.56%) no Funchal e uma variação negativa em Beja de 32€/m2 (-1.61%).

Quanto à mediana, em dias, que um imóvel permanece no mercado, Beja apresentava-se, no último trimestre de 2020, entre os 5 distritos atrás mencionados, como o distrito onde a venda é mais morosa, 218 dias, seguindo-se o Funchal com uma média de 149 dias, Faro com 125 dias, Porto com 114 e Lisboa com 89 dias.

Daqui resulta que uma maior procura significa uma maior rotatividade de imóveis no mercado que, por sua vez, tem implicações directas no valor do m2. 

Analisemos, então, os valores médios por tipologia e a poupança necessária, a eles associada, em caso de recurso ao crédito à habitação. Note-se que, a condição dos imóveis (estado de conservação), a idade, a existência de nova construção ou ausência dela em cada um dos distritos, têm um peso considerável nos valores apresentados.

T0

Beja (valor médio de venda): 85.500€

Beja (poupança necessária): 11.000€

Funchal (valor médio de venda): 137.720€

Funchal (poupança necessária):17.000€

Porto (valor médio de venda): 162.289€

Porto (poupança necessária): 22.000€

Faro (valor médio de venda): 204.392€

Faro (poupança necessária): 30.000€

Lisboa (valor médio de venda): 265.203€

Lisboa (poupança necessária): 41.000€

 

T1

Beja (valor médio de venda): 52.413€

Beja (poupança necessária): 7.000€

Funchal (valor médio de venda): 170.169€

Funchal (poupança necessária): 22.000€

Faro (valor médio de venda): 171,195€

Faro (poupança necessária): 24.000€

Porto (valor médio de venda): 181.001€

Porto (poupança necessária): 25.000€

Lisboa (valor médio de venda): 287.564€

Lisboa (poupança necessária): 45.000€

 

T2

Beja (valor médio de venda): 70.958€

Beja (poupança necessária): 9.000€

Funchal (valor médio de venda): 223.639€

Funchal (poupança necessária): 31.000€

Faro (valor médio de venda): 220.985€

Faro (poupança necessária): 33.000€

Porto (valor médio de venda): 255.242€

Porto (poupança necessária): 39.000€

Lisboa (valor médio de venda): 393.262€

Lisboa (poupança necessária): 65.000€


T3

Beja (valor médio de venda): 107.152€

Beja (poupança necessária): 14.000€

Faro (valor médio de venda): 350.602€

Faro (poupança necessária): 55.000€

Funchal (valor médio de venda): 354.506€

Funchal (poupança necessária): 57.000€

Porto (valor médio de venda): 394.460€

Porto (poupança necessária): 65.000€

Lisboa (valor médio de venda): 594.168€

Lisboa (poupança necessária): 104.000€

 

T4+

Beja (valor médio de venda): 161.260€

Beja (poupança necessária): 22.000€

Funchal (valor médio de venda): 505.396€

Funchal (poupança necessária): 84.000€

Faro (valor médio de venda): 516.676€

Faro (poupança necessária): 89.000€

Porto (valor médio de venda): 768.589€

Porto (poupança necessária): 134.000€

Lisboa (valor médio de venda): 922.390€

Lisboa (poupança necessária): 161.000€

 

A reter que o facto de um T0 em Beja apresentar maior valor de venda que um T1 ou um T2 se deve ao facto da oferta ser residual e, dentro dela, os imóveis serem novos, contrariamente à oferta de imóveis T2 que são, na sua maioria, de construção antiga e a necessitar de intervenção. 

Mas, também a reter, a evidência de que um T1, T2, T3 ou T4+ em Lisboa apresentarem o quíntuplo do preço das mesmas tipologias em Beja.

Se está  a pensar em comprar casa, faça contas a preços, mas também às suas poupanças.


Texto: Rita Palma Nascimento

Foto: Ana Espinho


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