segunda-feira, 10 de abril de 2023

Alentejo ... porque o horizonte é infinito ...Entrevista Evaristo Amaro

 

Evaristo Amaro tem um vasto currículo de actividades, às quais sempre dedicou grande profissionalismo e foco. Depois de ter passado pela área comercial e da respectiva gestão, mantém ligação à área de bem estar e abraçou as leis há cerca de 13 anos. Qual foi a motivação para este virar de página na sua vida profissional?

Não foi bem um virar de página, mas sim, mais uma página a acrescentar a outras já escritas. Desde sempre, que me conheci com um sentido de Estado, e um gosto especial pelo emaranhado de Leis, que forma o nosso ordenamento jurídico. O apelo pela área Jurídica, não foi o concretizar de um sonho, como acontece com várias pessoas, mas sim, de uma necessidade de preenchimento, de construção de uma personalidade, que sabia ser este o caminho a seguir. Depois de percorrer caminhos académicos na área da Psicologia, e da Administração de Empresas, da Formação, e da Segurança no Trabalho, foi a Solicitadoria, que preencheu um espaço em aberto, enveredando por esta Profissão, de que muito me orgulho, e que me disponho a dignificar.

 

Não raramente lhe chegam clientes com processos complicadíssimos e das mais variadas índoles. Nos processos de heranças, por exemplo, que conselhos dá a quem o procura acerca da regularização do património?

Os Processos que abordam as Sucessões, são sempre de uma maior complexidade, pois ao mesmo tempo, que vamos atuar na área do Direito Patrimonial, em relação à gestão processual, temos em simultâneo, que saber gerir emoções, muito próprias de quem perdeu um familiar. Existem dois tipos de clientes, que procuram um/a Solicitador/a que os ajude nas questões de Heranças, o cliente que não tem conflitos com os outros Herdeiros, e o cliente que tem conflitos, que pensam ser insanáveis. São estes que se tornam mais difíceis de gerir, mas que por vezes até se tornam mais fáceis, pois as partes desconhecem a legislação a aplicar, e as suas vertentes e soluções, as quais nos prontificamos a esclarecer, a maior parte das vezes, com resultados positivos. Depois de questionar as pretensões dos clientes quanto ao destino a dar aos bens móveis e imóveis, é feito um aconselhamento e gestão Processual, aplicado a cada caso, que entre outras soluções, pode culminar em Partilhas, ou na alienação do património, colocando os imóveis no mercado de venda, efetuando a legalização documental dos mesmos. O Trabalho do Solicitador, passa também por efetuar a gestão documental, para elaboração da Habilitação de Herdeiros e na Participação do Imposto de Selo sobre as Transmissões Gratuitas.

 

 Ainda na parte do património imobiliário, quer explicar-nos um pouco a importância de os documentos estarem em conformidade, relativamente a titulares, áreas, usufrutos, etc?

Para uma área como a do Património Imobiliário, que está em constante mutação, com um movimento de vários milhões de euros/dia em Portugal, com uma legislação muito variada, e dispersa por vários Diplomas, é crucial que a legalidade dos Documentos que instruem os Processos esteja em conformidade com o que a Lei exige. A título de exemplo, a Lei exige que um imóvel, para ser alienado, o titular tem que ser detentor desse direito, estando inscrito na Certidão Permanente Predial, no entanto é permitido que o detentor do direito possa alienar, sem ser o titular inscrito, com documentos instrutórios como Habilitação de Herdeiros, Testamento, actos no próprio dia, entre outros.

A uniformização das áreas, na Caderneta Predial e na Certidão Permanente, é outra das premissas necessárias para a transmissão do imóvel, podendo ser corrigidas nos termos da Lei.

No que toca ao usufruto, é esta uma figura jurídica cada vez mais utilizada, principalmente na alienação por Doação, transmissão da titularidade em vida, em que o Doador reserva para si o Usufruto e doa a Nua Propriedade, o que se verifica essencialmente na transmissão do imóvel, entre pais e filhos.

Numa Gestão processual, além dos supra referidos, incluem-se outros documentos instrutórios, cuja conformidade é necessária para uma compra e venda de imóvel urbano, tais como Procurações, quando aplicável, a Licença de Utilização/habitabilidade, ou a sua isenção, a Ficha Técnica de Habitação, quando aplicável, a Certificação energética, quando aplicável, o pagamento do IMT e do Imposto Selo, a Declaração de Não divida do condomínio, quando aplicável, e os Direitos de Preferência. Quantos aos prédios Rústicos, além dos documentos instrutórios, são também notificados os confinantes do prédio em causa, para o exercício dos Direitos de preferência.

 

 Vivem-se tempos confusos, que por vezes levam as pessoas a tentar “desenrascar-se” sem recorrerem à ajuda de profissionais conhecedores. Na sua opinião, quais as mais valias e conforto para os cidadãos que a solicitadoria tráz nas áreas onde actua?

O exercício da Solicitadoria é uma profissão regulada, quer pelo Estado, quer pela Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução. Só por si, o facto de ser uma profissão regulada, implica aos cidadãos um nível de confiança nos profissionais de Solicitadoria.

São estes Profissionais que podem praticar os Actos Próprios dos Solicitadores e dos Advogados, previstos na Lei n.º 49/2004, de 24 de Agosto, configurando Crime de Procuradoria Ilícita, quem os praticar, sem que para o efeito esteja habilitado.

Ao cidadão que procurar um/a Solicitador/a, desde logo tem a garantia de ser atendido por profissional qualificado/a para o efeito, que conhece as matérias em análise, que detém acesso às Plataformas necessárias para a elaboração de determinados Actos, que detém o saber necessário para ao aconselhamento e que está legalizado para exercer uma profissão com um alto nível de exigência jurídico, sendo dotado/a de competências para o efeito.

 

É a transparência fundamental em todos os processos?

Nem consigo imaginar um Processo, onde a transparência não seja um dos pilares fundamentais à sua concretização. É a transparência que acalma todas as dúvidas, que possam surgir no decorrer de uma gestão processual imobiliária, que sossega os ânimos e anseios, e que define os bons, dos maus profissionais.

 

O Evaristo é oriundo de uma freguesia do concelho de Beja, onde cresceu com a simplicidade das gentes locais. Considera que essa vivência tem influência na sua forma de estar, de trabalhar e de olhar o próximo?

Sim, certamente que sim. Considero ser na infância, e adolescência que assenta a construção do nosso perfil pessoal, social, e em alguns casos até profissional. Os alicerces de um projeto de vida, assente nos valores de família, no respeito pelos outros, na dedicação às causas, no companheirismo, na amizade, na predisposição para a aprendizagem, no amor às nossas gentes e ao nosso território, na capacidade de compreender a nossa envolvência na comunidade e na necessidade de evolução.

Todos estes valores aqui referidos, não são inatos, são fruto de uma vivência e de opções. São estas opções que tomamos, que nos definem, na forma como somos aceites, e transportamos diariamente quer para o nosso plano familiar, social e profissional. 

 

Ainda falando nas suas origens, o que lhe diz o horizonte? É ele infinito?

Compreendo quem encontra uma certa tranquilidade e conforto, naquilo que já é ou já tem, não aspirando a outros voos, e até rejeitando a aprendizagem.

Compreendo, mas não me revejo nesta tomada de posição. A linha do horizonte, quando o observamos, deixa-nos a perceção de que é finita, mas quando nos deslocamos no seu sentido, e aquela primeira linha que observámos é ultrapassada, visionamos uma outra logo de seguida. É neste conceito que assenta a minha busca por novos horizontes, novas formas de crescimento, valorização pessoal e profissional, numa constante procura pela aprendizagem e solidificação de conhecimentos. “…Ainda há tanto para se aprender, ainda há tanto para caminhar, ainda há tanto o que viver... que às vezes parece que nunca vai chegar. Mas a vida tem dessas coisas, um dia de lutas, outro de vitórias. Quem não passa pelo campo de treinamento da vida não está apto para vivenciar o melhor que ela tem a oferecer….” Letícia Ayala.

 


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