sexta-feira, 11 de setembro de 2020

A palavra a Filipe Pombeiro

 


 – Beja é uma cidade com características muito próprias, que ao nível empresarial, quer ao nível social e laboral. Enquanto Presidente do NERBE, qual a análise que faz do tecido empresarial da região?

O tecido empresarial regional é constituído na sua grande maioria por pequenas empresas, como aliás é característica do tecido empresarial do País. Ainda assim, nos últimos anos temos assistido a um crescimento sustentado de muitas empresas, em especial no setor agrícola e agroalimentar.

Claro que a interioridade da região encerra algumas dificuldades em especial para setores mais tradicionais, mas de uma forma geral assistimos a uma melhoria na competitividade das nossas empresas nos últimos anos.

 – Possuindo a região de Beja condições únicas em termos de localização e potencial de crescimento, quais são na sua opinião os principais handicaps que têm, ao longo do tempo, impedido o crescimento e o desenvolvimento regional?

É uma resposta complexa, já que, são vários os fatores que historicamente contribuíram para o atraso da região em termos da sua economia. Conforme sabemos passámos por um período complicado em termos políticos e económicos que estrangulou a economia regional, o que nos obrigou a um esforço muito grande para fortalecemos as nossas empresas para competir com as demais.

Felizmente Alqueva, veio alavancar o crescimento do Agronegócio e este trouxe efeitos de contágio muito positivos para a economia regional.

Neste momento os principais constrangimentos para ser possível aproveitar a nossa condição geoestratégica são a falta de acessibilidades e concreto a eletrificação e modernização da ligação ferroviária do Alentejo até à Funcheira e a conclusão do IP8/A26.

Estes importantes investimentos permitirão servir a região e serão um importante impulso para o maior aproveitamento do Aeroporto de Beja e, deveria ser o alvo principal em termos de investimento público na região.

 – Vivemos tempos em que o paradigma está a mudar, e em que se impõe também uma certa mudança de mentalidades. A forma como o empresário olha para o seu negócio carece de evolução e adaptação. Considera que estão reunidas as condições e as ferramentas necessárias para que a mudança seja uma realidade?

É uma mudança que já sente na maioria das empresas. A nossa preocupação com a sustentabilidade nas suas mais diversas vertentes é hoje evidente. O empresário é hoje atento, procura novos mercados e sobretudo tem um cuidado muito grande em reter os seus maiores ativos, que são os seus colaboradores porque são estes que fazem a diferença no crescimentos e diferenciação das empresas.

 – Se um empresário/investidor de outra região ou de outro país quiser investir em Beja, ou na região de Beja, quais são, na sua óptica os principais items com os quais deverá preocupar-se antes de se fixar?

Antes de mais penso que se deverá dirigir a uma associação empresarial, como a nossa ou como outras que estão no território porque são centros de informação atual e privilegiada e poderão encaminhar o negócio desde o primeiro dia.

Questões como a localização, a necessidade de recursos humanos, fontes de financiamento, legislação e licenciamento necessário, serão fundamentais para o arranque do negócio.

 – E manifesta a urgência e a importância de um investimento estrutural na região, que possibilite a fixação de empresas e pessoas. Independentemente dessa necessidade, tem existido um investimento crescente, não só na agricultura, mas noutras áreas. Sabemos que existem neste momento investidores diversos a estudar a possibilidade de empreender em Beja. Qual a alavanca que falta, para que possamos ter essa realidade?

O Alentejo é seguramente uma das áreas do País em que mais investimento privado tem sido feito nos últimos anos e, nesse sentido estamos no bom caminho ainda que o investimento público para resolver os constrangimentos referidos tenha de se concretizar para libertar a tal alavanca que refere.

De resto, existem uma série de investimentos previstos, nas áreas da saúde, das energias renováveis, aeronáuticas, entre outras, que seguramente num futuro próximo trarão maior progresso à região.

 – “Alentejo … um abraço que nos une, um sorriso que ilumina, um sonho a realizar …” – Sim ou não?

Claro que sim! É algo que não se consegue explicar, os que cá ficámos batalhamos arduamente para que o sonho que concretize, os que não ficaram mas que deixaram cá os seus corações quando regressam percebem as diferenças mas todos ficamos com a sensação que custa mais, demora mais, mas acabaremos por lá chegar. E quando chegarmos marcamos como sempre a diferença!

 

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