– Beja é uma cidade com
características muito próprias, que ao nível empresarial, quer ao nível social
e laboral. Enquanto Presidente do NERBE, qual a análise que faz do tecido
empresarial da região?
O tecido empresarial regional
é constituído na sua grande maioria por pequenas empresas, como aliás é
característica do tecido empresarial do País. Ainda assim, nos últimos anos
temos assistido a um crescimento sustentado de muitas empresas, em especial no
setor agrícola e agroalimentar.
Claro que a interioridade da região encerra algumas dificuldades em especial para setores mais tradicionais, mas de uma forma geral assistimos a uma melhoria na competitividade das nossas empresas nos últimos anos.
– Possuindo a região de Beja condições únicas em termos de localização e potencial de crescimento, quais são na sua opinião os principais handicaps que têm, ao longo do tempo, impedido o crescimento e o desenvolvimento regional?
É uma resposta complexa, já
que, são vários os fatores que historicamente contribuíram para o atraso da
região em termos da sua economia. Conforme sabemos passámos por um período
complicado em termos políticos e económicos que estrangulou a economia
regional, o que nos obrigou a um esforço muito grande para fortalecemos as
nossas empresas para competir com as demais.
Felizmente Alqueva, veio
alavancar o crescimento do Agronegócio e este trouxe efeitos de contágio muito
positivos para a economia regional.
Neste momento os principais
constrangimentos para ser possível aproveitar a nossa condição geoestratégica
são a falta de acessibilidades e concreto a eletrificação e modernização da
ligação ferroviária do Alentejo até à Funcheira e a conclusão do IP8/A26.
Estes importantes
investimentos permitirão servir a região e serão um importante impulso para o
maior aproveitamento do Aeroporto de Beja e, deveria ser o alvo principal em
termos de investimento público na região.
– Vivemos tempos em que o
paradigma está a mudar, e em que se impõe também uma certa mudança de mentalidades.
A forma como o empresário olha para o seu negócio carece de evolução e
adaptação. Considera que estão reunidas as condições e as ferramentas
necessárias para que a mudança seja uma realidade?
É uma mudança que já sente na
maioria das empresas. A nossa preocupação com a sustentabilidade nas suas mais
diversas vertentes é hoje evidente. O empresário é hoje atento, procura novos
mercados e sobretudo tem um cuidado muito grande em reter os seus maiores
ativos, que são os seus colaboradores porque são estes que fazem a diferença no
crescimentos e diferenciação das empresas.
– Se um empresário/investidor
de outra região ou de outro país quiser investir em Beja, ou na região de Beja,
quais são, na sua óptica os principais items com os quais deverá preocupar-se
antes de se fixar?
Antes de mais penso que se
deverá dirigir a uma associação empresarial, como a nossa ou como outras que
estão no território porque são centros de informação atual e privilegiada e
poderão encaminhar o negócio desde o primeiro dia.
Questões como a localização, a
necessidade de recursos humanos, fontes de financiamento, legislação e
licenciamento necessário, serão fundamentais para o arranque do negócio.
– E manifesta a urgência e a
importância de um investimento estrutural na região, que possibilite a fixação
de empresas e pessoas. Independentemente dessa necessidade, tem existido um
investimento crescente, não só na agricultura, mas noutras áreas. Sabemos que
existem neste momento investidores diversos a estudar a possibilidade de empreender
em Beja. Qual a alavanca que falta, para que possamos ter essa realidade?
O Alentejo é seguramente uma
das áreas do País em que mais investimento privado tem sido feito nos últimos
anos e, nesse sentido estamos no bom caminho ainda que o investimento público
para resolver os constrangimentos referidos tenha de se concretizar para
libertar a tal alavanca que refere.
De resto, existem uma série de
investimentos previstos, nas áreas da saúde, das energias renováveis,
aeronáuticas, entre outras, que seguramente num futuro próximo trarão maior
progresso à região.
– “Alentejo … um abraço que nos
une, um sorriso que ilumina, um sonho a realizar …” – Sim ou não?
Claro que sim! É algo que não
se consegue explicar, os que cá ficámos batalhamos arduamente para que o sonho
que concretize, os que não ficaram mas que deixaram cá os seus corações quando
regressam percebem as diferenças mas todos ficamos com a sensação que custa
mais, demora mais, mas acabaremos por lá chegar. E quando chegarmos marcamos
como sempre a diferença!
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