As cidades enquanto números e o lugar a novas formas de desenvolvimento
No seguimento do que temos vinda
a partilhar, trazemos hoje a opinião de Helena Garrido, economista e
jornalista, no âmbito do WebIGAP promovido pelo IGAP, intitulado “Cidade e Território
na e pós Pandemia”, onde a Hall Paxis participou enquanto assistente no debate
e reflexão.
“Se a economia procura o bem-estar dos cidadãos é o dinheiro que medeia essa
procura. Logo, se a economia se traduz em índices e números, há que pensar como
aplicá-los no desenvolvimento pós-pandemia, no tecido e vivências urbanas”.
Em primeira análise, a economista
assume-se crente no “gigante salto tecnológico, que se repercute na
produtividade e no consumo, através da possibilidade de reunir e trabalhar
remotamente, bem como na possibilidade de adquirir os mais variados bens de
consumo à mercê da explosão das vendas on-line”. Neste ponto, Helena Garrido,
evidencia as mais valias do teletrabalho, assim como os benefícios daí
decorrentes para os “trabalhadores mais qualificados” que poderão abraçar a
possibilidade de “trabalhar longe dos grandes centros urbanos e aí residir”.
Por seu lado, “a criação de políticas urbanísticas para o centro das cidades”
trará aos “millennials, mais urbanos” a oportunidade de trabalhar, também de
forma remota, nestes locais.
Contudo, importa ressalvar que
“as características e cultura dos países diferem entre si, pelo que as
tendências futuras não serão homogéneas. Será sim transversal, a realidade do
teletrabalho, com presença física pontual dos trabalhadores nas empresas, no
máximo de dois dias por semana”.
Crente na hipótese do
“desaparecimento das grandes lojas físicas e dos grandes centros comerciais”, a
economista refere que a tendência passará pelo renascimento do comércio de
proximidade, com uma “maior concentração de serviços (como cabeleireiros,
espaços de restauração e take-away, mercearias, tabacarias…) em zonas
específicas, algumas periféricas, em resposta às necessidades das zonas
residenciais”. Na mesma linha, assistir-se-á à “diminuição acentuada dos
edifícios de escritórios e a um crescimento de espaços destinados ao teletrabalho”,
mas também, à vertente hibrida, habitação/espaço de trabalho”.
No que concerne ao “segmento do
turismo, impõe-se um reposicionamento das unidades hoteleiras de gama alta, com
vista à sua sobrevivência e sustentabilidade, já que a pandemia veio agravar as
desigualdades” e o sector estará cada vez mais dependente de “determinados
nichos de mercado”, importando, aqui, trabalhá-los e valorizá-los.
Por fim, mas não de menor
relevância, Helena Garrido aponta “o aumento exponencial da dívida pública dos
vários Estados, assim como a sua gestão”, como factor determinante na
articulação e concertação dos “sectores público e privado, num caminho de
futuro, de desenvolvimento e de sustentabilidade”.
Texto: Maria Helena Palma/Rita Palma Nascimento
Foto: Maria Helena Palma
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