terça-feira, 25 de maio de 2021

As Cidades e o Território – Linhas para o Futuro

 

As cidades enquanto números e o lugar a novas formas de desenvolvimento

 

No seguimento do que temos vinda a partilhar, trazemos hoje a opinião de Helena Garrido, economista e jornalista, no âmbito do WebIGAP promovido pelo IGAP, intitulado “Cidade e Território na e pós Pandemia”, onde a Hall Paxis participou enquanto assistente no debate e reflexão.

“Se a economia procura o bem-estar dos cidadãos é o dinheiro que medeia essa procura. Logo, se a economia se traduz em índices e números, há que pensar como aplicá-los no desenvolvimento pós-pandemia, no tecido e vivências urbanas”.

Em primeira análise, a economista assume-se crente no “gigante salto tecnológico, que se repercute na produtividade e no consumo, através da possibilidade de reunir e trabalhar remotamente, bem como na possibilidade de adquirir os mais variados bens de consumo à mercê da explosão das vendas on-line”. Neste ponto, Helena Garrido, evidencia as mais valias do teletrabalho, assim como os benefícios daí decorrentes para os “trabalhadores mais qualificados” que poderão abraçar a possibilidade de “trabalhar longe dos grandes centros urbanos e aí residir”. Por seu lado, “a criação de políticas urbanísticas para o centro das cidades” trará aos “millennials, mais urbanos” a oportunidade de trabalhar, também de forma remota, nestes locais.

Contudo, importa ressalvar que “as características e cultura dos países diferem entre si, pelo que as tendências futuras não serão homogéneas. Será sim transversal, a realidade do teletrabalho, com presença física pontual dos trabalhadores nas empresas, no máximo de dois dias por semana”.

Crente na hipótese do “desaparecimento das grandes lojas físicas e dos grandes centros comerciais”, a economista refere que a tendência passará pelo renascimento do comércio de proximidade, com uma “maior concentração de serviços (como cabeleireiros, espaços de restauração e take-away, mercearias, tabacarias…) em zonas específicas, algumas periféricas, em resposta às necessidades das zonas residenciais”. Na mesma linha, assistir-se-á à “diminuição acentuada dos edifícios de escritórios e a um crescimento de espaços destinados ao teletrabalho”, mas também, à vertente hibrida, habitação/espaço de trabalho”.

No que concerne ao “segmento do turismo, impõe-se um reposicionamento das unidades hoteleiras de gama alta, com vista à sua sobrevivência e sustentabilidade, já que a pandemia veio agravar as desigualdades” e o sector estará cada vez mais dependente de “determinados nichos de mercado”, importando, aqui, trabalhá-los e valorizá-los.

Por fim, mas não de menor relevância, Helena Garrido aponta “o aumento exponencial da dívida pública dos vários Estados, assim como a sua gestão”, como factor determinante na articulação e concertação dos “sectores público e privado, num caminho de futuro, de desenvolvimento e de sustentabilidade”.


Texto: Maria Helena Palma/Rita Palma Nascimento

Foto: Maria Helena Palma

 

 

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