Arquitectura e
dinâmica das cidades
No âmbito do WebIGAP, promovido
pelo IGAP, intitulado “Cidade e Território na e pós Pandemia”, onde a Hall
Paxis participou enquanto assistente no debate e reflexão, damos hoje a
conhecer o essencial da intervenção do Arquitecto Manuel Ventura, CEO da Ventura+Partners. Assente em novos
paradigmas, dinâmicas e dinamismos, Manuel Ventura abordou os desafios da nova
e necessária aquitectura das cidades.
“Pessoas, actividade e vida urbana”, tão importantes e fundamentais à
manutenção da densidade de uma cidade. No pós pandemia, e após um confronto
forçado com novas realidades, adaptações, vivências, rotinas e hábitos será
importante, na opinião CEO da Ventura+Partners,
“não deixar morrer a malha urbana”, mesmo que “com características diferentes
daquelas que existiam” até à data. Repensar e “desenvolver ARUs e os
respectivos PDMs numa óptica de flexibilidade inerente à perspectiva de
futuro”, torna-se, no presente, fundamental.
Como desafios, Manuel Ventura
destaca a urgência na adaptação do “mercado de escritórios”, onde se prevê que
os “espaços de coworking alcancem um desenvolvimento considerável”, apenas
possível mediante a adaptação de edifícios para o efeito, “já que o espaço
ideal de trabalho se assume de 15 m2 por trabalhador”, a “aposta num novo
conceito de habitação”, não só no que à concepção de espaços interiores diz
respeito, onde importa salientar a necessidade de os tornar mais amplos,
dinâmicos, funcionais e adaptáveis a diferentes actividades, mas também repensar
a necessidade de existência de “espaços exteriores (varandas e quintais)” que,
no actual cenário pandémico, vieram comprovar a sua importância. Uma “nova
concepção de hospitais e UCIs” é também, para o arquitecto, necessária, como
medida preventiva, para que seja possível, de futuro “dar resposta a novas
pandemias”. A par, é sua convicção que “as residências séniores têm que ser
repensadas, potenciando o conceito de aldeia sénior, com espaços verdes,
co-living e uma oferta global de serviços, a exemplo do que acontece em alguns
países de Europa”, não esquecendo que, nesta área, “Portugal deu os primeiros
passos com o projecto Hacora”.
E, como também no comércio se
sentem os efeitos da pandemia, “com reflexo no aumento das vendas on-line, diminuição
de vendas em espaços físicos, afluência a esses espaços e redução do número de
espaços”, não será de estranhar que muitos deles venham a ser convertidos em
habitações ou escritórios”. Na mesma linha, prevê-se uma redução acentuada das
grandes superfícies comerciais, privilegiando o e-comerce e o comércio de
proximidade. No que à restauração diz respeito, sendo um sector determinante
para o dinamismo citadino e atracção de pessoas, Manuel Ventura defende a “aposta no take away e no delivery” deverão
continuar, assim como “a procura por novos nichos de mercado, o que exige
adaptação e reinvenção forçadas” no presente e no futuro.
Mas não só, “criar sinergias
entre o Estado e os privados” é uma necessidade, “com projectos que auxiliem a
sustentabilidade dos espaços, uma vez que nem o Estado tem capacidade para
responder a tudo, nem os privados, por si só, conseguem criar alternativas que
sejam potenciadas por um desenvolvimento cultural e empresarial”. Aspecto que,
na visão do arquitecto, “entronca na revitalização do turismo, sector
determinante no país, onde mais uma vez, Estado e privados têm que convergir. Ao
Estado caberá revitalizar o espaço público, para que a iniciativa privada se
possa desenvolver. Fazer uma boa gestão e aplicação dos dinheiros públicos,
permitirá criar dinâmicas no sector privado”, tornando o investimento mais
aliciante, seguro, inovador, sustentável e de futuro para as cidades.
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