sexta-feira, 21 de maio de 2021

As Cidades e o Território – Linhas para o Futuro

 

Arquitectura e dinâmica das cidades

No âmbito do WebIGAP, promovido pelo IGAP, intitulado “Cidade e Território na e pós Pandemia”, onde a Hall Paxis participou enquanto assistente no debate e reflexão, damos hoje a conhecer o essencial da intervenção do Arquitecto Manuel Ventura, CEO da Ventura+Partners. Assente em novos paradigmas, dinâmicas e dinamismos, Manuel Ventura abordou os desafios da nova e necessária aquitectura das cidades.


“Pessoas, actividade e vida urbana”, tão importantes e fundamentais à manutenção da densidade de uma cidade. No pós pandemia, e após um confronto forçado com novas realidades, adaptações, vivências, rotinas e hábitos será importante, na opinião CEO da Ventura+Partners, “não deixar morrer a malha urbana”, mesmo que “com características diferentes daquelas que existiam” até à data. Repensar e “desenvolver ARUs e os respectivos PDMs numa óptica de flexibilidade inerente à perspectiva de futuro”, torna-se, no presente, fundamental.

Como desafios, Manuel Ventura destaca a urgência na adaptação do “mercado de escritórios”, onde se prevê que os “espaços de coworking alcancem um desenvolvimento considerável”, apenas possível mediante a adaptação de edifícios para o efeito, “já que o espaço ideal de trabalho se assume de 15 m2 por trabalhador”, a “aposta num novo conceito de habitação”, não só no que à concepção de espaços interiores diz respeito, onde importa salientar a necessidade de os tornar mais amplos, dinâmicos, funcionais e adaptáveis a diferentes actividades, mas também repensar a necessidade de existência de “espaços exteriores (varandas e quintais)” que, no actual cenário pandémico, vieram comprovar a sua importância. Uma “nova concepção de hospitais e UCIs” é também, para o arquitecto, necessária, como medida preventiva, para que seja possível, de futuro “dar resposta a novas pandemias”. A par, é sua convicção que “as residências séniores têm que ser repensadas, potenciando o conceito de aldeia sénior, com espaços verdes, co-living e uma oferta global de serviços, a exemplo do que acontece em alguns países de Europa”, não esquecendo que, nesta área, “Portugal deu os primeiros passos com o projecto Hacora”.

E, como também no comércio se sentem os efeitos da pandemia, “com reflexo no aumento das vendas on-line, diminuição de vendas em espaços físicos, afluência a esses espaços e redução do número de espaços”, não será de estranhar que muitos deles venham a ser convertidos em habitações ou escritórios”. Na mesma linha, prevê-se uma redução acentuada das grandes superfícies comerciais, privilegiando o e-comerce e o comércio de proximidade. No que à restauração diz respeito, sendo um sector determinante para o dinamismo citadino e atracção de pessoas, Manuel Ventura defende  a “aposta no take away e no delivery” deverão continuar, assim como “a procura por novos nichos de mercado, o que exige adaptação e reinvenção forçadas” no presente e no futuro.

Mas não só, “criar sinergias entre o Estado e os privados” é uma necessidade, “com projectos que auxiliem a sustentabilidade dos espaços, uma vez que nem o Estado tem capacidade para responder a tudo, nem os privados, por si só, conseguem criar alternativas que sejam potenciadas por um desenvolvimento cultural e empresarial”. Aspecto que, na visão do arquitecto, “entronca na revitalização do turismo, sector determinante no país, onde mais uma vez, Estado e privados têm que convergir. Ao Estado caberá revitalizar o espaço público, para que a iniciativa privada se possa desenvolver. Fazer uma boa gestão e aplicação dos dinheiros públicos, permitirá criar dinâmicas no sector privado”, tornando o investimento mais aliciante, seguro, inovador, sustentável e de futuro para as cidades.

 



Texto: Maria Helena Palma/Rita Palma Nascimento

Foto: Pedro Palma Nascimento

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